O padrão de beleza, agora, é o seu!

Por muitos e muitos anos a mulher foi pressionada a fazer de tudo para se amoldar aos padrões de beleza vigentes. Na era vitoriana, espartilhos quebravam costelas para que as mulheres coubessem em vestidos monumentais e cheios de armações. Sabe-se lá de onde vieram tais padrões, mas ai da mulher que não os seguisse…

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Padrões, que por sinal, já foram menos difíceis de seguir, já que as mulheres roliças, eram valorizadas por suas formas pujantes ainda nos anos 50, quando o modelo violão de Marilyn Monroe ditava um caminho a seguir.

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Ainda assim, a cintura tinha que ser fina para valorizar os quadris e quem não a tivesse… dá-lhes cintas elásticas! A função era também afinar a cintura, mas principalmente conter o abdomen…

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De lá prá cá, novas musas foram surgindo e lançando novos padrões, com a quebra do anterior… Como Twiggy, nos anos 60, garota esguia, diferente e ousada que lançou, sem querer, um novo padrão a ser seguido, o da magreza!

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Com personalidade, quebrou os olhares de censura, e impôs sua beleza muito peculiar. A indústria da moda comprou este modelo sem piscar (afinal é muito mais fácil para qualquer estilista criar lindos modelos para corpos magros e sem curvas em excesso).

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Depois, no mundo da moda, entre outras vieram Linda Evangelista e Claudia Schiffer, nos anos 80, Kate Moss, nos 90… (atléticas, magrelas, perfeitas)…

Em 2.000, Gisele Bundchen assumia o reinado, absoluta e sem esforço, do mundo das passarelas com suas curvas e estilo mais saudável. E a linha do tempo foi apontando para a liberdade das cintas e formatos…

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Desembarcamos em 2015, e a história nos pedindo para sermos mais democráticos, menos padronizadores e finalmente aceitarmos as diferenças e as inúmeras facetas da beleza feminina… sem tantos sacrifícios e com a inclusão de quem nem sempre teve coragem de se mostrar, porque temia não ser aceita.

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Um viva às mais cheinhas, às negras, às asiáticas, às branquelas, às portadoras de necessidades especiais, às cadeirantes, às “não tão atléticas”… e tantas outras bem-vindas diferenças…

Frustrated with the unrealistic beauty standards perpetuated by Barbie and her ilk, artist Nickolay Lamm set out to create a doll that has proportions more representative of the average woman. To do so, Lamm took data from the CDC about the "average" 19-year-old woman, who is about 5 foot 4, with a 33-inch waist, and created a doll that mirrored those proportions. Her name is Lammily, and her tagline is "Average is beautiful."  "I think a realistic sized doll is important because, when I look at current dolls on the market, I can't help but notice how disproportionate they are," said Lamm in an email to Salon. "By making a doll real I feel attention is taken away from the body and to what the doll actually does."  To really drive home his point, here's a video Lamm made of Lammily being airbrushed into Barbie:

Acho mesmo que estamos bem perto de nos livrarmos dos estigmas da beleza padronizada. E um sinal disso, é a criação de Lammily… Vocês conhecem?
Lammily é uma boneca criada virtualmente pelo artista gráfico Nickolay Lamm, com inspiração na famosa Barbie – mas com a vontade de vê-la mais personalizada – como uma jovem normal americana, sem impor medidas perfeitas, e sim, aplicando as formas físicas reais da adolescente de lá (e do mundo todo).

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No ano passado, tamanho o sucesso, a idéia virou produto… E pasmem! As crianças amaram! Por quê? Porque ela é real. E a maioria se identifica. O sucesso foi tamanho, que ameaçou a “marca” Barbie… Obrigando-a a se reinventar em várias etnias e não tão dirigida ao “padrão” mulher perfeita.
Que bom! Sinal que as pessoas começam a se aceitar como são! Como podem ser, e aceitar o diferente, como pertencente ao mesmo mundo que o seu…

No meu livro Mulheres Muito Além do Salto Alto falei muito de beleza, no sentido de desmitificar padrões e valorizar a beleza única e intrínseca que carregamos. Falo um pouco de tudo, mas quando entro no universo da estética, lembro da máxima de Franz Kafka: “Quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece“. Pura e simplesmente porque o que envelhece são os padrões. E o apego a eles.

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“Não adianta querer ser outra pessoa. A gente pode admirar outra mulher, é claro, mas fazer de tudo para se parecer com a outra pessoa é perda de tempo. Ela é mais alta, mais magra, tem cabelos volumosos, uma cinturinha… Mas não é você. A gente tem que aprender a se conhecer, a saber das nossas limitações, aceitar as próprias imperfeições, a reconhecer tudo o que temos de bom e bonito e, o mais importante, a se gostar. E muito!” – E essa quebra é necessária entre o padrão e o real, para enxergar bem a própria beleza e valorizá-la.

É importante a gente passar para as próximas gerações que elas podem ter espinhas, estrias, celulites e uma “certa” barriguinha… e ainda ser igualmente lindas!

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Só pra citar exemplos que me chamaram a atenção nos últimos meses, lembro de duas garotas completamente “fora do padrão” que se apresentaram na New York Fashion Week, desfilando como modelos profissionais, sob aplausos de multidões. Uma foi Winnie Harlow, que tem vitiligo (falta de pigmentação na pele). Ela se jogou no mundo fashion porque conseguiu enxergar sua própria beleza, por mais incomum que fosse… E desfilou, mês passado pela grife Desigual: sucesso total! Linda!

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Outra foi Madeline Stuart. Também desfilou na NYFW, um dia depois de Winnie e foi igualmente aplaudida. A jovem modelo australiana, é um exemplo comovente de busca de inclusão, em dose dupla: ela foi obesa e tem Síndrome de Down, era duplamente excluída e deu de ombros. Fez ginástica e emagreceu 20 quilos, fez um book e partiu direto para as passarelas. Madeline, aos 17 anos se olhou no espelho, se descobriu bonita e resolveu gritar ao mundo o seu feito para ficar em forma…

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Então, finalizo com a belíssima sexagenária Yasmina Rossi (ou YAZEMEENAH). Dois netos e a volta à carreira de modelo fotográfico, que ele tinha abandonado aos 45 por achar que estava velha demais para atender aos “padrões” das agências de modelos… Com o detalhe de que, sendo fotógrafa também, percebeu que ainda tinha beleza própria para “exibir”…

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Resultado? Contratos com a Marks & Spencer, Hermes e Macy’sexibindo seus belos cabelos brancos e uma beleza confiante.

O que concluir, então? Os números comprovam: dois terços das mulheres entre 15 e 60 anos de idade evitam atividades básicas da vida porque se sentem mal com sua aparência; mais de 92% das garotas declaram querer mudar pelo menos um aspecto físico; nove entre dez mulheres querem melhorar alguma coisa no corpo. Os dados são da pesquisa mundial desenvolvida por uma famosa marca de cosméticos. A realidade dos números é cruel. São raras as mulheres satisfeitas com a sua beleza. A maioria corre atrás do padrão estético das beldades. Quem não se encaixa nele – quase 90% – sente-se excluída e humilhada e tende a aceitar qualquer sacrifício em nome da “beleza ideal”. Vamos mudar isso?

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Temos exemplos históricos, recentes, atuais e até uma boneca (rsrsrs) para nos inspirar. E nós concluímos que : Quem DITA o nosso padrão de beleza, somos nós mesmas. Então, não perca tempo! Descubra-se. Acredite na sua beleza e, principalmente, acredite em você!

bj pra vcs
Fabi Scaranzi

Marissa Mayer: “ousar” foi um conselho que ela guardou

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Dona do terceiro maior salário anual entre as executivas do mundo em 2014, 59,1 milhões de dólares, Marissa Mayer, aos 39 anos, CEO do Yahoo.com, com certeza tem muito a ensinar a todas nós. E a primeira lição que ousa compartilhar é dividir um conselho dado por um colega de área, igualmente vencedor na promissora carreira de marketing digital e redes sociais…

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Você pode pensar que o conselho que um titã do mundo coorporativo dá a outra executiva super-bem sucedida , bem às vésperas de ela se tornar uma CEO… é algo que não vai lhe interessar e você pode ignorar, com certeza. No entanto, a última coisa que o fundador do Google, Sergey Brin, disse Marissa Mayer, pouco antes dela assumir o trono de presidente-executiva do Yahoo é algo que foi fundamental no seu caminho de sucesso e todas nós deveríamos ouvir. Especialmente as mulheres.

2015 Fortune The Most Powerful Women Evening With... NYC Event

Em uma entrevista, à revista Fortune, Mayer contou sobre a orientação valorosa que Brin lhe deu, minutos antes de o Yahoo anunciar sua nomeação em 2012. Ela disse que Brin já tinha lhe dado todos os tipos de conselhos menores (que, mais tarde, ela acabou seguindo um a um- como por exemplo -mudar, de cara, o logotipo Yahoo, uma das primeiras coisas que ela fez como CEO), mas que o que mais a impressionou e marcou mesmo sua trajetória ficou para o fim da conversa entre os dois.

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Ela estava saindo do escritório dele e já fechando a porta, quando Brin chamou-a de volta, e disse: “Marissa, espere! Só mais uma coisa: Não se esqueça de ser ousada”. E ela guardou isso como um verdadeiro talismã. É isso aí. Esse é o conselho que as mulheres (todas nós) precisam ouvir. Porque muitas de nós podemos ter problemas de confiança.

Há sempre um novo estudo que oferece mais evidências do problema. A última pesquisa anunciada pela Universidade da Pensilvânia, revelou que estudantes universitárias do sexo feminino são menos confiantes sobre suas perspectivas de emprego e salário do que os homens. Cicatrizes de tempos já passados? Não é um absurdo?
É o mais recente dos tijolos de uma parede dura de evidência que mostra as mulheres inseguras, inclusive no seu ambiente de trabalho, por não acreditarem ter um futuro de carreira promissor.

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A chefe do setor de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, falou sobre o assunto em seu recente livro “Lean In” (Curve-se) altamente divulgado e discutido sobre a mulher ter que adaptar-se a um mundo coorporativo de regras masculinas. Em um novo livro, detalha uma série de exemplos deprimentes da propensão das mulheres a se resignar a posições insignificantes.

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Em um artigo crítico, as autoras Katty Kay e Claire Shipman (“The Confidence Code”) contam a história de uma amiga que supervisiona dois subordinados diretos de um diretor de multinacional: Rebecca e Robert. Rebecca é sempre muito reservada em seu trabalho. Diligentemente cumpre suas funções. Quando ela precisa falar com o chefe, ela marca um horário da agenda dele. Ela não fala nada em reuniões com clientes. Quando ela recebe uma crítica direta, às vezes ela chora. Enquanto isso, Robert (mesmo nível hierárquico) entra no escritório do chefe, sem bater na porta, constantemente com novas idéias. Muitas delas, nada criativas, mas ele não parece se importar e arrisca sempre.
Kay e Shipman escreveram: Nossa amiga supervisora relatou que Rebecca tinha idéias valorosas, mas as guardava para si. Ela tinha a sensação de que se Robert acertasse uma sugestão qualquer, subiria de cargo, sem dificuldades. Era apenas uma questão de tempo. Enquanto Rebecca seria deixada para trás, contando com o respeito de seus colegas, mas nunca um salário mais elevado, por maior que fosse sua contribuição. Mais responsabilidades, ou um título mais importante era o máximo que iria alcançar. Claro que, como observam os autoras, as mulheres estão muitas vezes em uma sinuca de bico quando se trata de ousadia. As mulheres que se mostram mandonas e decisivas no trabalho, muitas vezes rotuladas de “oferecidas”. Mas as coisas estão mudando… Graças a pessoas como as próprias Sheryl Sandberg e Marissa Mayer.

Então faça do conselho recebido por Mayer, um mantra para a sua vida: – Não se esqueça de ser ousada! De confiar em você mesma e não seguir regras machistas que vão ser obstáculos no seu caminho de sucesso. Boa sorte!

bj pra vcs
Fabi Scaranzi

Fonte: Huffington Post  Fotos: Google FreeShare