Você pode achar dúbio o título deste post. E está certa! A gente sempre se refere àquelas pessoas mais que especiais com a velha expressão: “Nossa! Ela tem um coração tão bom!” Quando dizemos isso, não nos referimos ao órgão, em si, da pessoa, mas à maneira como ela age. Se é bondosa, compreensiva, afável, também costumamos dizer que ela tem um “coração de mãe”. Você já parou para pensar porque é que atribuímos ao coração, esse órgão vital, que cada um de nós carrega no peito, as nossas emoções, nossa gentileza, nosso espírito humano e até… a nossa capacidade de amar?
Porque ele é simbolo da vida! Porque ele distribui vida internamente para o resto do nosso organismo; porque ele determina o compasso da nossa respiração e funciona como uma espécie de casa de máquinas do nosso corpo: esse mecanismo tão engenhosamente desenhado. Falo disso hoje porque comemoramos o Dia Mundial do Coração e se às vezes o deixamos de lado, já está mais do que na hora de conhecê-lo melhor, cuidar bem dele e não sobrecarregá-lo com inquietações e ansiedades.
Não é à toa que dediquei todo um capítulo do meu livro “Mulheres Muito Além do Salto Alto” a ele, o Coração, e que hoje venho falar dele aqui no nosso canto de SAÚDE. No meu livro conto uma experiência bizarra que vivi, de ter sido diagnosticada como cardíaca, por um engano de um exame de laboratório (se quiser saber mais, vai ter que ler o livro… rs ) e por isso senti na pele o que é ter medo e passar pela sensação de “o coração quase sair pela boca”. Impressionante o número de expressões e metáforas em que ele está presente, não é? Mas foi bem assim. Passado o susto, meu coração se acalmou. E eu tratei logo de ter um cardiologista na minha agenda pra ficar sempre atenta, caso ele precise de ajuda algum dia.
A coisa é séria. Nós, mulheres, sabemos como o estresse do dia-a-dia e nossas emoções à flor da pele mexem com a gente. Às vezes esquecemos o mal que essa dupla pode fazer ao nosso coração – e aqui me refiro ao órgão mesmo, ao motorzinho que pulsa 100 mil vezes por dia e bombeia cerca de 5 litros de sangue por minuto.
O Dr. Roberto Kalil Filho, professor titular de Cardiopneumonia na USP, diretor do InCor e do Hospital Sírio Libanês, simplifica: “No Brasil há um aumento relativo do número de infartos em mulheres – em relação aos homens- o que pode estar relacionado a vários fatores… Em parte, isso pode ser explicado pelas crescentes pressões por resultados e pela competitividade no mercado de trabalho, com consequente aumento dos níveis de estresse”.
Fora os maus hábitos (se ainda fuma, considere parar em consideração a ele), a falta de sono adequado, a alimentação desregrada, o consumo de álcool em excesso, o sedentarismo… Se você ainda carrega essas práticas com você, literalmente “ouça o seu coração” e descubra que é tempo de cuidar melhor de você, cuidando dele.
Os números assustam. O Brasil tem cerca de 17,5 milhões de pessoas com problemas cardíacos e registra mais de 300 mil mortes, por ano, causadas por doenças cardiovasculares. Muitos descobrem tarde demais. Os fatores de risco se agravam na maturidade. E por isso a Sociedade Brasileira de Cardiologia pede a participação de todos nas campanhas de prevenção. A deste ano usa a hashtag #cuidedeseucoração. No site da SBC você encontra receitas saudáveis, testes para o seu coração e material informativo que vai fazer você tomar novas atitudes em relação a esse órgão amigo, guardado a sete chaves dentro do peito, e que tantas vezes você desenha, pra falar de amor, mas que bate aí dentro, pedindo que você se ame mais e leve uma vida mais saudável. Ouça mais o seu coração em todos os sentidos.
bj pra vcs
Fabi Scaranzi
*Imagens: Shutterstock