
Auto-julgamento é uma das ferramentas menos eficazes que temos pra mudar nosso corpo ou nossa vida mas, muitas vezes, é a primeira atitude para a qual voltamos as nossas mentes, quando nos damos conta de que nossa situação atual não é exatamente como gostaríamos que ela fosse.
Começamos a nos culpar por tudo.”Ah…Se eu não fosse tão preguiçosa”, ou “Se eu tivesse maneirado naquele bolo de aniversário ou bebido menos com os amigos na outra noite”, ou “Se eu tivesse malhado mais estaria em forma: mais fina, mais sexy, mais cheia de paqueras…” Pois é… Nós deixamos que a autocrítica corra solta, culpando-nos a torto e a direito por cada asneira que fizemos, ao nos esquecer de cuidar melhor de nós mesmas e dos nossos corpos, como deveríamos ter feito.
Curiosamente, tentamos usar culpa e autocrítica como uma maneira de nos motivar a ter um comportamento diferente, um corpo diferente ou alimentar diferentes hábitos. Isso tudo, para descobrir um pouco mais tarde, que a motivação baseada em vergonha não funciona e se desgasta. Acabamos nos perdendo nessa montanha russa entre o julgamento, a culpa e a vergonha, que não nos leva lugar nenhum. Você já se perguntou por que 98 % das dietas falham? É porque você não pode mudar alguma coisa em alguém, se você não partir do amor por esse alguém, pra começar. E esse alguém é você! Auto flagelo e vitimização não irão levá-la a lugar algum!
Em uma cultura invadida por mensagens de como a dieta é necessária para você perder peso ou mudar o seu corpo, vendendo a necessidade de restrição, privação e o reconhecimento de que “algo está errado” com você… Como alcançar seus objetivos de estar de bem com a vida? Como chegar lá de forma diferente? Como você pode começar a amar algo que você sempre aprendeu a julgar como totalmente errado por considerar muito aquém do padrão?
Bote fé nesta máxima: você pode amar a si mesmo “só se conseguir um corpo mais em forma ou um número menor de figurino”… OU… Você pode amar a si mesma o suficiente para se sentir bem em sua pele, como você é agora! E deixar que o amor por você lhe dê pistas, do que gostaria de mudar e melhorar… se achar necessário. Percebe? É outro ângulo por onde encarar mudanças que você deseja (ou não) no seu estilo, aparência e modo de ser; ou ainda a percepção de que talvez nem precise mudar nada. Apenas se amar.
O que quer que você queira mudar em você, começa pela aceitação de quem você é e como está agora.
Quando se fala em aceitação… é sobre ter escolha. Quando não aceitamos alguma coisa, como ela é… Não temos escolhas, só temos oposição. Mas quando aceitamos o que está diante de nós, então as coisas pelas quais queremos lutar e as opções para fazê-lo, estão abertas para nós! Amor e aceitação são as únicos caminhos eficazes que verdadeiramente irão nos emocionar, inspirar e nos transformar em pessoas melhores, a longo prazo.
Mesmo quando a maioria de nossas heranças culturais apontam para críticas severas e para como deveríamos nos envergonhar do nosso corpo, se ele não está no seu melhor, você pode ter outra leitura da situação. Insista em começar a usar o amor e a autoaceitação como as motivações prioritárias para cuidar do seu corpo e da sua vida.
Aqui estão cinco passos iniciais que você pode dar para mudar a perspectiva e passar do filtro do julgamento e da culpa, para o do amor e da aceitação.
1. Comece por aceitar a si mesma como você é agora. Tudo o que faz parte de você – suas escolhas alimentares, seus hábitos, sua forma física, sua rotina de exercícios, seu jeito de pensar. Este pode ser um desafio e tanto quando tudo o que você ouve é a ladainha de que você podia estar mais magra, de que você fez tudo errado, ou deveria estar fazendo diferente. Antes de tudo, aceite sua situação atual. Aceite que você fez escolhas no passado que não talvez lhe sirvam mais. Lembre-se que tudo é sempre mutável… e a aceitação é o primeiro passo para uma verdadeira escolha sobre quem você quer ser. Qualquer outro pensamento é apenas reacionário.
2. Faça um inventário de onde você está e o que você tem agora.
– Você faz exercícios regularmente?
– Você bebe água suficiente? Passa tempo em contato com natureza? Cuida de ter tempo livre todo dia?
– Você ouve o seu corpo e fazer escolhas com base no que vai fazê-lo sentir-se bem?
– Você come alimentos que lhe trazem prazer e nutrem você?
– Você faz coisas para valorizar e fazer bem ao seu corpo, à sua mente e ao seu espírito?
Lembre-se: Este inventário não é sobre analisá-la! É simplesmente ter noção clara de onde você está. Imagine-se uma proprietária de loja – e se você julgasse a loja e as suas vendas durante todo o tempo que se dedicou à ela baseada unicamente no “estoque” de sua loja. O sentido de se fazer um inventário é fazer um balanço do que você tem guardado e com o que tem para trabalhar.

3. Faça uma lista de desejos. É difícil identificar seus desejos mais genuínos, se você andou se vitimizando e não prestou atenção ao que lhe dá prazer. Mas tente entrar em um estado graça porque, afinal, você se aceitou e se permitiu sentir-se esperançosa e sonhadora… é o melhor momento para se inspirar para as mudanças que realmente deseja… É partindo daí, que a mudança acontece. Algumas perguntas que você pode usar para começar:
– Como você gosta de imaginar seu corpo, como um objetivo a alcançar?
– Como é que você pretende cuidar dele?
– Quem você quer impressionar bem? (aos outros ou a você própria?)
Os desejos são nossas esperanças e nossos sonhos íntimos. Não inclua julgamentos ou censura aqui. Preste atenção ao que acende o seu coração. Ninguém tem nada a ver com isso, este é um exercício apenas entre você e as vozes divinas que você ouve nos seus sonhos e desejos. Seja específica. Quanto mais específica você for, mais fácil será identificar esse desejo.
4. Agradeça. Antes de podermos receber mais do que queremos temos, temos que digerir o que já temos. A melhor ferramenta para a digestão, neste caso, é a gratidão. Inclua agradecimentos por tudo desde o mais simples ao mais extravagante. “Eu sou grata pelo clima frio e folhas do outono” … ou “Sou grata pela força do meu corpo e o quanto ele me permite realizar todos os dias.” Fazer pelo menos 10 agradecimentos como estes. Se forem diários, melhor ainda. É incrível como isso redefine suas prioridades.
5. Lembre-se que a mudança leva tempo. Seja paciente. Seja amável. Converse com você do jeito que você faria com alguém que você ama muito. Toda vez que você começar a tecer críticas e julgamentos a seu próprio respeito dispare essa pergunta: “O que eu diria ao meu melhor amigo se ele estivesse se sentindo assim?” E, em seguida, diga pra você mesma. Liberte-se!
Esta lista de 5 passos pode parecer completamente absurda se você levar em consideração tudo o que foi dito a você sobre a perda de peso ou sobre disciplinar-se para mudar o seu corpo e seu comportamento antes. Este é apenas um novo ponto de partida. Nenhuma lista traz todas as respostas para uma mudança duradoura, que deve vir de dentro. Concorda?
Então, vá com calma. Se a culpa e a autocrítica excessiva não trouxeram a você as mudanças esperadas, por que não tentar algo novo?
bj pra vcs
Fabi Scaranzi
Fonte: huffintonpost.com