Endometriose: o que é preciso saber sobre ela

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Você talvez não conheça, mas já deve ter pelo menos ouvido falar em Endometriose. É uma doença muito mais comum do que se imagina e afeta hoje mais seis milhões de brasileiras. De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos) podem desenvolvê-la e 30% tem chances de ficarem estéreis. Portanto merece nossa atenção e cuidado.

Conhecendo melhor o seu corpo e a doença
Todos os meses, o endométrio fica mais espesso para que um óvulo fecundado possa se implantar nele. Quando não há gravidez, esse endométrio, que aumentou, descama e é expelido na menstruação. Em alguns casos, um pouco desse sangue migra no sentido oposto e cai nos ovários ou na cavidade abdominal, causando a lesão endometriótica. As causas desse comportamento ainda são desconhecidas, mas sabe-se que há um risco maior de desenvolver endometriose, se a mãe ou irmã da paciente sofrem com a doença.

É importante saber que a doença acomete mulheres a partir da primeira menstruação e pode se estender até a última. Geralmente, o diagnóstico acontece quando a paciente está na faixa dos 30 anos.

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Segundo a Dra. Rosa Maria Neme, ginecologista com doutorado pela USP, idealizadora e coordenadora médica do Centro de Endometriose São Paulo, a Endometriose “é quando o tecido que normalmente se localiza dentro do útero, o endométrio, aparece em outros locais fora do útero, como ovários, pertinho (tecido que envolve os órgãos dentro da barriga), intestino, bexiga e outros.”

Sintomas e diagnóstico
Os principais sintomas são cólicas menstruais intensas (independente da intensidade da dor), dor no fundo da vagina durante a relação sexual, infertilidade (em 30 a 40% das mulheres), sintomas intestinais na menstruação (como intestino soltou ou preso, cólicas intestinais na época da menstruação), sintomas urinários na época da menstruação (como sangramento urinário, dor para urinar na época da menstruação) e dor fora do período menstrual.

A endometriose é uma doença silenciosa até que esses sintomas comecem a incomodar. Dra Rosa explica que “a suspeita é realizada inicialmente pela queixa clínica e pelo exame ginecológico, onde frequentemente são palpados pelo ginecologista, nódulos ou cistos. À partir desta suspeitas, exames como o ultra-som transvaginal, com preparo intestinal, ou a ressonância magnética conseguem verificar a existência da doença e quantificar seu tamanho.

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Tratamento
Em alguns casos, a cirurgia é o caminho mais eficaz. Ela somente é indicada para mulheres com queixa de dor, ou infertilidade, que não melhoram com o tratamento medicamentoso hormonal. O tratamento, em casos leves, pode ser realizado com contraceptivos hormonais orais ou na forma de dispositivo intra-uterino liberador de progesterona, ou ainda implantes subdérmicos.

Até hoje não se sabe, ao certo, as causas da doença, mas alguns fatores coincidentes em pesquisas apontam para o componente genético (é muito comum famílias de mulheres que tem endometriose), além de um fator ligado à imunidade da mulher, onde os mecanismos de defesa do corpo não são capazes de barrar o desenvolvimento da doença, ou seja o crescimento desse tecido em órgão onde não deveria estar presente.

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Como se prevenir
Quando se pensa em prevenção, o uso de contraceptivos hormonais pode retardar a presença da doença mas, além disso, a Dra. Rosa recomenda a atividade física constante. “Práticas para aumentar a imunidade, como exercícios, por exemplo, tendem a ajudar na contenção da doença”, garante a ginecologista.

Quanto mais cedo diagnosticada a doença, melhores as chances de manter a endometriose sob controle, através de tratamento. Cada caso é um caso, mas a gravidade aumenta se não há a procura de um profissional de saúde. A doença em si, não causa mortes, mas suas repercussões podem ser graves quando não tratadas. A doença intestinal, por exemplo, pode chegar a obstruir ou perfurar o intestino e isso pode ter péssimas conseqüências.

Uma vez que a cirurgia é tida como inevitável, não se deve temer grandes riscos, mas às vezes envolverá médico especialista das áreas afetadas. “Tudo dependerá da quantidade de doença e obviamente da habilidade e experiência do cirurgião. Casos graves, envolvendo intestino e bexiga, por exemplo, devem ser operados por médicos bastante experientes na abordagem deste tipo de caso”, explica a doutora.

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Mitos e verdades sobre a Endometriose…
Há vários mitos sobre endometriose. Um dos mais recorrentes é o de que toda mulher que tem endometriose precisa engravidar para curar a doença. Em primeiro lugar é preciso deixar claro que a endometriose não tem cura. E a gravidez não resolve a doença. Durante a gravidez, a mulher fica apenas exposta a um nível maior de um hormônio que é a progesterona, que justamente controla o “crescimento” da endometriose. Portanto, durante a gravidez, a mulher fica com a doença sob controle, mas os focos nem diminuem ou desaparecem. Trata-se portanto de uma doença crônica que precisa ser monitorada e contida. Os desconfortos podem ser neutralizados pela medicação e a mulher levará uma vida normal, mantendo a doença sob controle. Se você tem e quer saber mais a respeito, consulte este GUIA completo.

A retirada do útero, apesar de eliminar a menstruação, não resolve a endometriose, ao contrário do que se pensa. As lesões continuam ou podem reaparecer mesmo sem a presença do útero. Os ovários continuam a produzir o estrogênio, hormônio que estimula a proliferação do tecido endometrial. Após a menopausa os ovários já não produzem mais o estrogênio, com isso o endométrio ectópico (endometriose) não é mais estimulado e tende a não proliferar. A menstruação também desaparece após a menopausa. Por isso, os sintomas da doença podem diminuir ou desaparecer. Em muito casos, após a menopausa, não há mais necessidade de tratamento.

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Bom, agora que você já conhece melhor a doença, como se manifesta e seus sintomas, lembre-se que a visita freqüente ao ginecologista e exames de praxe devem ser feitos todos os anos para tratar logo no início essa e outras doenças ligadas aos nossos órgãos reprodutores. Cuide-se bem e nunca considere normal ter cólicas ou desconfortos. Saúde. Para todas nós.

bj pra vcs,
Fabi Scaranzi

*Imagens: Shutterstock

Ansiedade. Quais os sintomas, causas e tratamentos

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(Imagem: mediabakery.com)

Ser ansiosa tem lá suas vantagens! Uma leve dose de ansiedade é capaz de preparar você para futuros apuros, além de evitar certas situações perigosas para si e para todos aqueles a quem você faz questão de proteger. Entretanto, o desequilíbrio entre a quantidade e a velocidade de pensamentos ansiosos e de sentimentos de preocupação, ou medo, podem resultar em transtornos psiquiátricos para lá de preocupantes. “Estes transtornos são diagnósticos clínicos, reconhecidos pela academia científica internacional em áreas como psiquiatria e outras especialidades clínicas, como psicologia e neurociência”, explica Arthur Guerra, médico psiquiatra e professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Exemplos facilmente encontrados nos consultórios são: o transtorno de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade generalizada, stress pós-traumático e fobias, social e específicas, com sintomas que variam para cada condição.

Cada vez mais comum, a ansiedade é vista como um problema generalizado e, por isso, são poucos os pacientes que procuram um profissional de saúde em busca de ajuda. Não encare como natural se ele persistir. “É essencial realizar o que chamamos de diagnóstico diferencial, ou seja, avaliar se estamos realmente falando de ansiedade ou de algum outro sintoma psiquiátrico que seja percebido pelo paciente como tal. Isso porque, muitas vezes, outros estados de humor se assemelham a sintomas ansiosos, mas necessitam de tratamentos diferentes”.

Por que ficamos tão ansiosas?

Dr. Arthur Guerra explica os transtornos de ansiedade (que vão muito além de um momento ou outro de nervosismo e preocupação), são causados pela interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, além da vulnerabilidade genética, que interage com situações de stress para produzir as síndromes. “Fatores genéticos influenciam de forma importante o risco para muitos transtornos de ansiedade, enquanto fatores ambientais, como trauma na infância, rotina maçante, agenda atribulada e múltiplas funções, tanto no ambiente familiar, quanto profissional, podem contribuir para o risco dos sintomas na fase adulta”, ressalta.

É por isso que algumas pessoas se mostram mais resistentes ao stress, ou até mesmo resilientes – com uma facilidade maior de se reerguer diante de situações que geram nervosismo e tensão. “Pessoas mais vulneráveis ao stress apresentam mecanismos de defesa menos adaptados, sendo constantemente “agredidas” pela interação entre genes e ambiente, podendo levar a crises de ansiedade constante”, diz Dr. Arthur.

Sintomas da doença

Durante uma crise de ansiedade, é comum apresentar os sintomas abaixo. Fique atenta e avalie se você apresenta dois ou mais sintomas quando se você encontra em momentos de stress e tensão:

– Alteração de humor

– Comprometimento da memória

– Insônia

– Perda de apetite

– Queda da libido e desempenho sexual

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(Imagem: mediabakery.com)

Enfim, a cura

Assim como a síndrome do pânico, o tratamento de transtorno de ansiedade pode ser tratado a partir da combinação da terapia à base de remédios + psicoterapia.

Tratamento à base de remédios:

Para tratar distúrbios de ansiedade, os antidepressivos são os remédios mais indicados. Medicamentos ansiolíticos como benzodiazepínicos, conhecidos como “calmantes tarja preta” podem ser utilizados com eficácia por períodos determinados de acordo com cada caso. Mas segundo o dr. Arthur, são especialmente eficazes em situações de ansiedade aguda, ou seja, em que os sintomas acontecem de forma rápida e intensa. “Vale lembrar que estes medicamentos podem induzir quadros de dependência, por isso é sempre recomendado o acompanhamento com especialista”, alerta.

Tratamento psicológico:

A terapia comportamental e a cognitivo-comportamental têm mostrados grandes resultados. Em muitos casos, o tratamento busca abordar pontos da história do paciente, realizando exercícios de autoconhecimento e avaliação de sintomas e fantasias apresentadas. Decidir qual tratamento (ou combinação de tratamentos) é melhor para cada paciente, depende de uma entrevista cuidadosa.

O resultado do tratamento e determinado por vários fatores, incluindo:

– Gravidade do diagnóstico

– Nível de funcionamento antes do início dos sintomas

– Grau de motivação para o tratamento

– Nível de apoio familiar, de amigos, colegas de trabalho

– Habilidade para cumprir os horários de medicação ou regime psicoterapêutico

É melhor prevenir

Praticar exercícios físicos e técnicas de respiração regularmente se mostram eficazes no tratamento de ansiedade e são geralmente recomendados. Entretanto, o comprometimento de quem sofre de crises de ansiedade vez ou outra com esse tipo de exercício precisa ser total.

O abuso de álcool, cigarros, calmantes e drogas ilícitas também aumentam as chances de manifestação do transtorno, portanto é fundamental manter um estilo de vida saudável e longe de vícios. “Pessoas que apresentam dificuldades em controlar o uso de qualquer substância podem – e devem! – se beneficiar do tratamento de ansiedade para melhorar a qualidade de vida”, diz Arthur.

Ótimas informações pra gente compartilhar com as amigas, né? Controlar a ansiedade  é possível, sim. É só buscar ajuda e seguir o tratamento indicado… a começar pela atividade física, alimentação saudável e sua determinação por uma vida de menos estresse e mais qualidade.

bjs pra vcs,
Fabi Scaranzi