Sentar novamente em uma sala de aula mais de 10 anos depois de concluir o ensino médio pode parecer estranho para você, mas acredite que esse é um medo tolo de parecer “velha de mais para estar ali” e que vai passar assim que você constatar que as pesquisas estão certas, quando apontam que, hoje, nas universidades brasileiras, a cada 10 novos estudantes, pelo menos 3 têm mais de 30 anos. Eu fiz minha segunda faculdade depois dos 30 a garanto e parece muito melhor (rs). A gente tá mais focada,está ali porque quer, não “tem”que assistir aula, mas “quer” assistir aula, é diferente, mais produtivo.
Ou seja, você não será a única aluna madura da classe, nem a única que já trabalha e, ao optar por concluir um (ou “mais um”) curso superior você vai estar investindo em você, no seu conhecimento, no seu futuro e no seu padrão de vida. No Brasil, fazer uma faculdade pode significar um aumento de até 156% no salário, segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). E só isso já deveria ser um estímulo suficiente para animá-la a voltar a estudar.
Mas não pára por aí. Estudar e formar-se – pode fazer coisas incríveis por você como pessoa e profíssional. Eu vou tentar levantar aqui só algumas delas…
Turbinar a carreira: quem já está no mercado de trabalho e ocupa posições de nível técnico, encontra na faculdade uma qualificação que pode elevar seu nível profissional e, consequentemente, o salário.
Mudar de profissão: fazer uma faculdade pode ser o primeiro passo para quem deseja partir para outra carreira, seja em uma área semelhante ou completamente diferente da atual.
Fazer a faculdade dos sonhos: seja por pressão ou necessidade, algumas pessoas deixam de lado sua verdadeira vocação ao escolher a primeira faculdade, ou entrar no mercado de trabalho. Nunca é tarde para retomar os estudos e dedicar-se a uma área com a qual tem mais afinidade.
Voltar para o mercado de trabalho: se você está sem emprego e desanimada, fazer uma faculdade pode abrir portas, ampliar a rede de contatos, oxigenar as ideias, atualizar os conhecimentos, qualificar você como profissional. Não tenha dúvida de que o diploma recente também trará um impacto positivo perante os recrutadores: vai demonstrar sua força de vontade, determinação e investimento na sua capacidade criativa e de produção.
Trocando experiências
Uma preocupação bastante comum entre as pessoas que pensam em fazer uma faculdade após os 30 anos é a adaptação à sala de aula. É claro que boa parte do sucesso dessa empreitada dependerá da sua motivação como “nova” universitária. E quer saber? Em geral, as pessoas mais maduras encontram mais pontos a favor do que obstáculos ao voltarem a estudar.
A maturidade conta pontos para compreender as matérias, relacionar conteúdos e cumprir as exigências acadêmicas. A experiência, seja de vida ou profissional, contribui para o enriquecimento das aulas. Pessoas que já trabalham ou trabalharam podem ser mais disciplinadas e focadas. Os professores sabem que quem faz uma faculdade após os 30 anos sabe o que quer, tem determinação e um objetivo claro a alcançar. Você vai contar com a admiração tanto deles como dos colegas mais jovens.
Por outro lado, temos a capacidade de aprender em qualquer época da vida. Basta começar a exercitar o cérebro. Colegas e professores podem se tornar grandes aliados nessa caminhada, se você estiver com a mente aberta para absorver o que eles têm a oferecer. Sim, isso mesmo: até os colegas “adolescentes” podem mostrar a você um mundo novo, ideias diferentes, conteúdos interessantes e pontos de vista enriquecedores.
Como chegar lá
Se você está convencida de que deve fazer uma faculdade após os 30 anos, mas tem receio do vestibular ou ainda não sabe como conciliar os estudos com a rotina puxada do dia-a-dia, saiba que existem opções interessantes e viáveis para conquistar este sonho. Veja se você se encaixa em alguma das três situações a seguir e qual a solução ideal para cada:
1 – Diploma expresso
Agora que você tomou a decisão de fazer uma faculdade após os 30 anos, nada mais justo do que querer colher logo os frutos desse investimento. Saiba que existem cursos superiores de curta duração, que podem ser concluídos em apenas 2 ou 3 anos e têm o reconhecimento do MEC. São os cursos superiores de tecnologia, ou cursos de tecnólogo, formações voltadas para as necessidades do mercado de trabalho e que têm alta empregabilidade. São mais de 100 opções em 13 áreas diferentes!
2 – Horror a Vestibular
Se estudar para o Vestibular está fora dos seus planos, ainda assim você pode entrar na faculdade. Uma opção é fazer a prova do Enem e tentar uma bolsa do ProUni ou uma vaga na universidade pública pelo Sisu. Mas se você não pretende fazer essa prova, existem ainda outras opções:
Vestibular agendado: uma prova bem mais simples do que o Vestibular e o Enem, que pode conter algumas questões de conhecimentos gerais, ou apenas uma redação.
Reingresso: para quem já tem um diploma de nível superior, existe a possibilidade de solicitar “reingresso” na mesma faculdade onde você estudou anteriormente, ou pedir acesso direto a outras instituições. Claro que as regras são diferentes em cada universidade, informe-se sobre os critérios na faculdade do seu interesse.
Matrícula direta: alguns cursos, principalmente os menos procurados em faculdades privadas, têm um processo seletivo bem mais simples, no qual o futuro universitário precisa apenas apresentar alguns documentos e fazer a matrícula diretamente, sem precisar fazer provas.
3 – Falta de tempo
Aos 30 anos, muita gente já tem uma família para cuidar ou um trabalho em tempo integral. Tentar encaixar uma faculdade nessa rotina, mesmo que seja em período noturno, muitas vezes não é possível.
A boa notícia é que existem cursos de qualidade, reconhecidos pelo MEC, no formato à distância (EAD)! Nesta modalidade de ensino, o aluno escolhe quando e onde vai assistir as aulas e comparece a um polo de apoio presencial somente para realizar algumas atividades programadas (como atividades práticas e de laboratório), provas finais e apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
4 – Orçamento apertado
Se você tiver feito o Enem, com pelo menos 450 pontos nas provas objetivas e nota maior do que zero na redação, pode tentar uma bolsa de estudos pelo ProUni ou um financiamento estudantil pelo FIES.
Outra opção interessante, para quem já trabalha, é verificar se a empresa tem políticas de incentivo à qualificação. Algumas pagam uma parte da faculdade para seus funcionários, desde que o curso seja compatível com sua área de atuação.
Conhecimento nunca é demais! E esse investimento em você, hoje, pode ser bem mais importante do que comprar um carro zero ou viajar… Pense nisso!
bj pra vcs,
Fabi Scaranzi