Geração “calmívora”: Porque a busca pelo fim da ansiedade nos deixa ainda mais estressadas

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Quando o assunto é estresse, as pesquisas são bem alarmantes. Estudos revelam que 7 em cada 10 brasileiros se consideram estressados e 40% afirmam estar mais estressados se comparados com o ano passado.

Pela busca desesperada de nos tornarmos pessoas mais zen e relaxadas, surgiu o termo geração “calmívora”. De acordo com a Thrive Global – um projeto americano que visa reduzir o estresse e o burnout mudando o comportamento das pessoas dentro de casa e no trabalho – “calmívoros” são todas aquelas pessoas que estão sempre buscando e consumindo tudo aquilo que promete reduzir o estresse e aumentar a calma e tranquilidade, seja através de fórmulas manipuladas, alimentos, exercícios físicos, aplicativos no celular ou medicamentos. Mas será que é seguro?

Somos cercados de promessas para acabar com o estresse por todos os lados: é chá calmante, aplicativos de meditação, pílula de melatonina antes de dormir… Com tanta oferta, é cada vez mais difícil separar o que verdadeiramente funciona e o que pode ser prejudicial à nossa saúde a longo prazo. A medida que consumimos um mar de produtos e serviços que prometem diminuir nosso nervosismo, direcionamos nosso foco para longe das raízes do problema. Resultado? Se pra você, encontrar a calma se tornou cada vez mais estressante, você está vivendo o que especialistas chamam de “dilema da geração calmívora”.

O estresse de precisar se acalmar

Foi-se o tempo em que estresse era sinônimo de sucesso! O que antes era visto como resultado de esforço e trabalho, hoje é tratado como doença mental e requer ajuda. Vivemos numa constante competição, com os colegas de trabalho, com os irmãos, com os posts dos amigos nas redes sociais… Sabia que essa necessidade de mostrar que estamos vivendo nossa melhor versão se tornou a principal queixa de estresse nos consultórios de psicólogos de todo o mundo?

Para alcançar a tão desejada “vida perfeita”, muitos de nós acaba experimentando qualquer promessa que tenha o potencial de nos fazer sentir melhor e mais centrados. É verdade que algumas práticas – como adesivos, livros de colorir e cristais – são bem inocentes e inofensivas e não apresentam perigo, mas outras, como o uso de melatonina e ansiolíticos de maneira desenfreada, são prejudiciais e podem não surtir o efeito esperado. No entanto, alguns tratamentos calmantes parecem funcionar para algumas pessoas, como o uso de cobertores pesados (que agem por meio da terapia de pressão profunda, estimulando o sistema nervoso a conter a necessidade de lutar e fugir, trazendo a sensação de relaxamento, quase comparado com a de um abraço), aplicativos de meditação e acupuntura.]

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Dilema calmívoro: como se livrar dele?

Não precisa desanimar! Existem muitas formas apoiadas pela ciência para tratar a ansiedade e que são de fato seguras. Entretanto, é preciso enxergar a doença de maneira realista e lembrar que não há uma solução rápida para pôr fim ao seu estresse.

Psicólogos garantem que a maioria das mudanças comportamentais significativas acontecem através de uma série de mudanças incrementais, chamadas de “microsteps” – abordagem onde se trabalha, em especial, a causa da ansiedade. “A ansiedade aparece em pessoas que decidem evitar as coisas que as deixam ansiosas. A maneira mais verdadeira apoiada pela pesquisa de lidar com o estresse é abordar, ao invés de evitar, as situações que provocam essa ansiedade – especificamente se as situações em questão são aquelas que temos que enfrentar se quisermos aproveitar nossas vidas”, explica a psicóloga clínica Kelly Moore ao site da Thirve Global.

Então, o que de fato funciona?

Não tem jeito, para deixar de ser uma calmívora, o ideal é implementar no seu dia-a-dia práticas e hábitos que melhorem seu bem-estar geral, seja através de exercícios de yoga e meditação, atividades físicas, boas horas de sono ou alimentação balanceada.

Outro truque subestimado para gerenciar seus picos de estresse, mas que apresenta um resultado imediato? Limitar a quantidade diária de cafeína. Apesar de três ou quatro xícaras de café parecerem indispensáveis para encarar um dia cheio, o excesso de cafeína pode desencadear ataques de pânico e a outros sintomas comuns das crises de estresse e ansiedade, como taquicardia, tontura e suor.

Cuidado também com o uso exagerado da tecnologia. Experimente desligar celulares, computadores e televisões meia hora antes de ir para cama. Desative as notificações, silencie as mensagens… Além de garantir uma boa noite de sono, os aparelhos desligados impedem que essa seja a primeira coisa que você olhe imediatamente ao acordar – o que resulta em um indesejável pico de cortisol logo pela manhã.

Estreite as relações interpessoais, tenha um espaço para fazer exercícios de respiração, tire uma hora por dia (pelo menos!) para cuidar da sua saúde mental. Os efeitos no seu corpo e mente serão imediatos e você não vai mais se sentir escrava da estressante necessidade de se acalmar o tempo todo.

Bjs,
Fabi Scaranzi

 

*Fonte: Thrive Global

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