Como discordar sem discutir

comunicação - discordar sem discutir foto de destaque

(Imagem: Shutterstock)

É impossível concordarmos sempre com as ideias, opiniões e atitudes dos outros, sejam eles colegas de trabalho, marido, filhos ou amigos. Numa relação afetiva, por exemplo, existe um milhão de coisas pelas quais as pessoas costumam discordar, especialmente quando o casal tem hábitos e personalidades bem diferentes. É a louça que não foi lavada imediatamente depois de usada, a toalha que não foi pendurada, a conta que não foi paga com antecedência, o tênis que ficou no meio da sala…

Eu tive uma conversa interessante outro dia com uma pessoa que se queixava muito dessa diferença entre ela e o marido e como esses detalhinhos do dia-a-dia viravam brigas gigantescas dependendo do humor de cada um. O problema é que não dá pra evitar fazer uma queixa ou outra quando a bagunça do outro, por exemplo, interfere no seu bem-estar.

É aí que vem a dúvida: como discordar, ou até mesmo “criticar” o outro sem gerar uma discussão?

Em anos atuando como comunicadora, eu aprendi que o segredo não está em discutir sobre a louça que ainda não foi lavada, porque com certeza a resposta do outro vai ser: “Você vai mesmo criar uma tempestade na nossa relação por conte de alguns pratos e copos que não foram lavados?”, mas sim ter  a habilidade de explicar para o outro como aquela louça suja parada na pia faz você se sentir.

Quer outro exemplo? Reclamar sobre a bagunça do outro, discordar sobre o lugar onde ele largou a mochila depois da academia, brigar por causa do tênis no meio da sala e chama-lo de bagunceiro e preguiçoso nada mais é do que um ataque aos seus costumes, educação e personalidade. Agora, ao explicar para ele que, ao deixar bagunçado um espaço que ele divide com outra pessoa é o mesmo que comunicar que ele não se importa com o bem-estar do outro, você aumenta as chances de que ele entenda que uma mudança simples de atitude pode influenciar na felicidade e na saúde da relação.

Essa mesma habilidade pode ser usada no ambiente de trabalho. Ao invés de partir para o “ataque gratuito” e discordar dos seus colegas com palavras agressivas, dando a entender que eles não são proativos, competentes ou esforçados, ou que sua mensagem, ideia, opinião ou até mesmo seu serviço está errado – criticas que vão, naturalmente, desmotiva-lo – procure expor como você se sente diante daquela falha, ou opinião contrária a sua. Explique de maneira clara, objetiva e assertiva os impactos que aquele erro ou linha de pensamento pode ter, não apensas para quem trabalha com ele, mas para a produtividade da empresa como um todo.

Ou seja, as louças lavadas ou não lavadas são importantes? Não. O tênis no meio da sala é importante? Não. A demora do seu colega de trabalho em responder um e-mail que você enviou há dias é, de fato, importante? Nem sempre. Mas é importante levar em conta que a forma como as coisas que você faz ou deixa de fazer pode deixar as pessoas que convivem com você se sentirem “desempoderadas”.

Independentemente de que lado você esteja – seja você a pessoa que precisa expor seus sentimentos ou àquela que precisa fazer mudanças no comportamento, ideias, opiniões ou atitudes– a comunicação é chave para fortalecer qualquer relação e nos motivar para sermos pessoas melhores. A questão não é sobre o que se discute, mas sim como aquilo faz o outro se sentir!

Bjs,
Fabi Scaranzi