A crise sempre tem algo a nos ensinar. Sempre foi assim e sempre será. É a partir dela que genuinamente nos damos conta que precisamos mudar hábitos, atitudes e, quem sabe, nossos valores. É num momento como este que nos permitimos pensar e reavaliar nossas vidas, nossa carreira, e, em especial, nossas escolhas. O emprego já não é tão bom quanto antes, o risco de perdê-lo aumenta e o salário que dava para pagar as contas do mês já não tem o mesmo tamanho.
O que fazer então? Abrir um negócio próprio? Muita gente tentou e deu certo, outros perderam as economias que tinham, investindo em algo que não vingou. Convidei mais uma vez a financista Ana Cláudia Leoni, para oferecer, com sua visão macro de mercado e negócios, um conselho realista a quem está pensando seriamente em deixar seu atual trabalho de lado e apostar no comércio ou numa micro-empresa de serviços. Enfim, um negócio onde você seja o seu patrão. Será que, mesmo num momento de recessão como o que estamos vivendo, vale a pena tentar? Quais são os riscos que se corre?
– Olha, Fabiana, quem sou eu para dar conselhos, com um mercado tão incerto! Mas vou tentar dividir aqui com você e suas leitoras o que penso a respeito:
A primeira coisa que vem à cabeça é empreender. Mudar parece ser uma opção e arriscar em um negócio próprio aparece no topo da lista! Surge então a oportunidade perfeita para por em prática uma ideia brilhante, há anos engavetada, que encontrou a oportunidade perfeita para sair do papel. O problema é que a maioria dos aspirantes a empreendedores julga que ter apenas uma ideia perfeita na mão é o suficiente para encontrar o caminho do sucesso. E mais: tem como principal meta “apenas” ganhar mais dinheiro em tempos de pouca bonança.
O que valorizar
Costumo dizer com frequência em meu blog que se não dermos significado ao dinheiro, ele não passa de um mero pedaço de papel capaz de comprar algumas coisas. A maioria olha para ele como um fim e não como um meio de atingir seus objetivos de vida ou como a recompensa monetária pelo resultado de um árduo trabalho por eles desempenhado. Por terem essa visão tão distorcida do significado do dinheiro, não dedicam tempo suficiente para zelar por ele.
Para muitos empreendedores o dinheiro (ou a gestão dele) é apenas um detalhe no negócio. E é aí que reside o maior de todos os erros daqueles que buscam empreender. Atualmente 99,7% das empresas nos Estados Unidos são de pequeno porte, e são responsáveis por empregar metade da força de trabalho do país.
Vários são os fatores que contribuem para o sucesso daqueles que empreendem, como, por exemplo: atitude para tomar risco, habilidade cognitiva para o negócio em si e conhecimento e paixão por aquilo que criam. Mas, então porque a grande maioria fracassa, antes mesmo de atingirem seu grau de maturidade?
Qualidades necessárias
Boa parte dos negócios fracassa nos primeiros anos de vida pela falta de preparo dos empreendedores em aspectos relacionados à gestão de processos, pessoas e de finanças. É preciso entender que um bom empreendedor não necessariamente é um bom gestor. Por isso é importante ter em mente que não basta ter uma boa ideia na cabeça, se não houver capacidade de gerir o negócio com eficiência. Negligenciar a gestão financeira de um negócio é um luxo ao qual nenhum empreendedor pode se dar.
É preciso reconhecer que a capacidade de gestão (do negócio e do dinheiro) deve ser desenvolvida de forma prioritária. É preciso reconhecer também que, sem uma gestão diligente, é impossível prosperar no mundo nos negócios, em especial em um mundo cada vez mais competitivo e criativo. É preciso, portanto, aproveitar o momento de crise para dedicar tempo naquilo que é urgente e vital para o negócio, sem perder de vista aquilo que é verdadeiramente importante para a vida.
Mais uma vez agradeço a participação da Ana Cláudia aqui no nosso portal. E espero que essas considerações tão pertinentes levem você a refletir bastante sobre o seu potencial como empreendedor e gestor do seu próprio negócio. Não é só questão de coragem e disposição, mas também de planejamento. Uma boa dica para checar esse seu potencial é procurar o Sebrae e buscar assessoria técnica na área de negócios. Se o seu destino é ser empresária, corra atrás do seu sonho, mas com os pés no chão. E boa sorte!
bj pra vcs
Fabi Scaranzi
*Imagens: Shutterstock