O chamado da verdadeira vocação, o chefe ranzinza, o salário baixo, a escassez de trabalho, a rotina na qual você não se encaixa… Mil e um motivos podem levá-la a dar uma guinada na sua vida profissional. Uma coisa muito importante é não ignorar a sua intuição e confiar nela. Qualquer carreira tem excelentes chances de sucesso se você faz o que gosta. É difícil. Exige sacrifícios e às vezes leva um bom tempo. Mas o conselho é: não se conformar com a segurança que não a faz feliz…
Da publicidade para a Cozinha…
Roberta Spinola, 43 anos, prestou vestibular aos 18 para jornalismo e propaganda & marketing. Para a felicidade dos pais, foi aprovada em ambos e optou por Propaganda. “Naquela época (1989) era um curso e uma profissão que estavam muito em alta. Era o auge dos Yuppies, os publicitários estavam com tudo. E na minha cabeça de estudante eu queria fazer parte daquilo. Parecia super promissor”, conta Roberta. Informação, dinheiro e glamour eram a promessa que ela via. E gostava disso.
Ela foi estudar à noite e trabalhava de dia, como vendedora no Shopping. Para engrossar o orçamento, fazia quitutes em casa e vendia nos intervalos de aula na faculdade e de dia para os colegas vendedores no Shopping. “Eles adoravam os meus doces. Eu adorava cozinhar… Mas nunca me dei conta de que ali estava uma profissão e que ela me daria prazer”, Roberta revela, com ar de “era aí que morava o segredo”.
Para abreviar a história de Roberta, ela se formou, foi trabalhar numa agência e percebeu que não se identificava nem com a profissão, nem com o ambiente que a cercava. Adeus, propaganda… e bem-vindos cursos de bartender (a primeira paixão dentro do universo de alimentos e bebidas), de assistente disso e daquilo na cozinha e, por final… Chef de Cuisine. Morar no exterior, ajudou…
Ela voltou com know-how e partiu para o trabalho.Passou por bares, restaurantes e hoje é Coordenadora da parte gastronômica de eventos, personal chef e dá aulas e consultoria… Ela AMA o que faz! Se ela ainda pensa no mundo da Propaganda e onde estaria se tivesse seguido esse caminho? Não. É na alquimia da cozinha que ela encontrou a sua alegria de trabalhar e ter prazer.
Do mundo da televisão para o universo do bem-estar e saúde
Mas nem sempre a “guinada” na escolha vem cedo. Logo depois da faculdade e dos primeiros trabalhos. Adriana de Mesquita, 51 anos, tinha certeza de estar trilhando o caminho certo para o seu sucesso pessoal. Jornalista de formação, dedicou-se à televisão. E seguiu a carreira como se espera: estagiária, assistente, auxiliar de produção, produtora e diretora. Ganhava bem, era muito querida pelos colegas mas… faltava alguma coisa.
“Eu era boa, correta no que fazia. Mas não tinha aquele “prazer” no trabalho. Era estressada, exigente, brava- dizia minha equipe. Meu excesso de comprometimento não me permitia relaxar. Vivia para a TV: decupagens, roteiros, gravações, ediçoes madrugada a dentro… Tudo isso pra que? Se não tinha tempo de viver? Não podia fazer um curso de ingles ou ir semanalmente a um pilates, por exemplo? Isso era impossível.”, lembra Adriana. Além dessa insatisfação, ela tinha medo do futuro da profissão que foi sendo cada vez mais mal paga e oferecia poucos benefícios e garantias.
“Paralelamente a tudo isso sempre me interessei por terapias alternativas: saúde, principalmente as escolas orientais. Fazia massagens nos amigos, por prazer e sempre ouvia a célebre frase: -Nossa que mão boa você tem! E num desses intervalos de projetos pra TV, acabei fazendo um curso extensivo de shiatsu. E o destino me colocou diante de um excelente professor e acupunturista. Depois disso vieram diversos cursos complementares ao shiatsu e o meu primeiro curso básico de acupuntura por volta dos 36, 37 anos… mas sempre trabalhando com TV. e tentando migrar para as massagens… Até que me deu um estalo e resolvi abandonar o mundo das produções. Foi muito difícil sair. Mas resolvi que tinha que tentar e que, se queria que funcionasse, eu tinha que ser boa, competente. Então, depois da acupuntura, resolvi fazer uma faculdade de fisioterapia e me dediquei integralmente a uma nova realidade”, conta a jornalista, hoje fisioterapeuta, que só atende à domicílio.
No período de transição, ela passou maus bocados. A faculdade foi bancada parcialmente pelo governo e depois pelo Fies, porque trabalhava simultaneamente em hospitais do estado, como estagiária, o que lhe deu muita experiência. Foi preciso muita coragem para deixar para trás a bagagem acumulada em 18 anos de televisão e os altos cachês, para embarcar numa área completamente diferente, mas hoje ela se sente uma vencedora: ” Estou com 51 anos, e a unica coisa de que me arrependo foi não ter ouvido esse meu chamado antes. Mas estou feliz! Transformada! Tenho vida própria, faço cursos periódicos , nunca mais parei de estudar, tenho vários pacientes que saem sorridentes e sem dor da minha maca. Que mais posso querer?”
Quando a gente ouve histórias de sucesso com as mudanças, é que passa a entender que o trabalho nunca será bem remunerado o suficiente, se você não fizer o que gosta e não lutar para encontrar o seu lugar ao sol, numa praia em que você se sinta essencialmente bem. Está infeliz com sua ocupação atual? Ficou desempregada? Talvez seja a hora de fazer aquilo que sempre quis. Não tenha medo de mudar, seja de trabalho, de área ou de profissão. Auto-realização não tem preço e você sempre está em tempo de se transformar. Acredite!
bj pra vcs
Fabi Scaranzi
Showww! Quando percebemos que estamos em um trabalho por “medo” de perder a estabilidade ao invés de prazer é hora de repensar.
@adrycandiotto:disqus Exatamente!! Claro que precisamos ganhar dinheiro pra viver e, em certas ocasiões, não dá pra sair do trabalho imediatamente. Mas se perder o prazer no que faz, é hora de planejar e mudar quando der. bj pra vc!