Pouca gente conhece, mas a Síndrome do Intestino Irritável é mais comum do que se imagina. Enquanto o natural é que os intestinos se movam com contrações rítmicas, em quem sofre de SII esses movimentos acontecem de maneira irregular, rápidas e erráticas, o que provoca não apenas dores abdominais e gases, como também diarreia ou constipação. Ruim né?
“No mundo todo, é a segunda maior causa de afastamento de trabalho. Só perde para a gripe. Estudos feitos nos Estados Unidos mostram que, entre tratamentos e perdas de dias de trabalho, a síndrome do intestino irritável custa ao país mais de US$ 30 bilhões por ano”, afirma o Dr. Gustavo Andrade de Paulo, gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo ele, entre 30% e 50% dos pacientes que procuram o gastroenterologista têm a síndrome do intestino irritável.
E o pior é que a ciência ainda não conseguiu explicar os motivos dessa síndrome – que afeta muito mais mulheres do que homens – por isso fica impossível se prevenir. O que se sabe é que certos alimentos, alterações hormonais e até picos de stress podem agravar o problema. Então, todo cuidado é pouco!
De olho nos sintomas da Síndrome do Intestino Irritável
Sofre regularmente com dores abdominais e intestino irregular? Dá uma olhada nos sintomas do SII pra ver se você se encaixa:
– Crises de diarreia ou constipação
– Gases, inflamação, dor abdominal ou acidez geralmente logo após as refeições.
– Fezes pequenas (como bolas de gude) ou apertadas que podem conter muco.
– Sensação persistente de plenitude logo após ir ao banheiro.
Vale lembrar que a Síndrome do Intestino Irritável é uma doença crônica na maioria dos casos, mas existem momentos e que os sintomas são piores e fases em que a doença pode desaparecer por completo. “É importante estar atento também para sintomas que, geralmente, não estão associados à síndrome do intestino irritável, como emagrecimento, sangue nas fezes ou acordar no meio da noite por causa das dores”, afirma o Dr. Ophir Irony, infectologista e clínico geral do Einstein.
Fatores de risco
É verdade que muitas pessoas têm sinais e sintomas da Síndrome do Intestino Irritável, mas algumas são, sim, mais propensas a desenvolver a doença:
– Pessoas até 45 anos de idade
– Mulheres (a doença atinge quase o dobro entre o time feminino)
– Ter histórico familiar da doença
– Sofrer de ansiedade, depressão ou algum outro tipo de trauma
Buscando ajuda médica
Mesmo sendo fáceis de confundir com outras doenças gastrointestinais, os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável, se agravados, podem ser necessário procurar ajuda médica. Consulte um especialista se você notar:
– Sangramento retal
– Dor abdominal que piora durante a noite
– Perda de peso involuntária
– Desidratação grave
Tratando a SII
Uma vez que a não se sabe a causa do Síndrome do Intestino Irritável, o mais recomendado é aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Esse tratamento pode ser feito com medicamentos específicos para a dores abdominais, gases ou anticonstipação. “Há, ainda, medicamentos específicos que atuam no controle da motilidade intestinal. No entanto, é importante que sejam usados apenas com estrita indicação médica, por causa dos efeitos colaterais, incluindo problemas cardiológicos”, explica o Dr. Gustavo.
Alguns alimentos também apresentam resultados bem eficazes no tratamento da SII. Dá uma olhada nessas receitas:
– Ferva durante cinco minutos duas colheres de sopa de folhas de hortelã em uma xícara de água. Beba uma ou duas xícaras por dia, uma vez que essa mistura relaxa os intestinos e reduz espasmos.
– Lave e rale uma raiz pequena de gengibre e despeje em uma xícara de água quente. Deixe repousar por 10 minutos, coe e beba três vezes ao dia.
– Coma um iogurte diariamente se um dos sintomas apresentados seja diarreia.
– Ferva três cabos de cereja em uma xícara de água durante cinco minutos. Tome três vezes ao dia.
É fundamental também mudar seu estilo de vida, incluindo na sua dieta 30 gramas de fibras por dia (em pães, cereais integrais, frutas e verduras), beber muita água, evitar cafeína, produtos lácteos, alimentos gordurosos ou picantes e adoçantes artificiais.
Mudanças no estilo de vida do paciente fazem parte do tratamento. Incorporar suplementos de fibra e de medicamentos anticolinérgicos, antiespasmódicos, antidepressivos (em doses menores) e remédios contra a diarreia devem vir acompanhados de alterações radicais na dieta, com a eliminação de bebidas gaseificadas, alimentos gordurosos e glúten da alimentação diária.
Para diminuir seu nível de stress, pratique exercícios de yoga e meditação, uma vez que eles liberam endorfina ao cérebro, permitindo o corpo e a mente relaxarem em poucos minutos. Caminhadas, natação e ciclismo também são muito recomendados.
Fim das dúvidas?
Bjs,
Fabi Scaranzi
*Imagens: Shutterstock