São poucas as mulheres que passam imunes pela fase da menopausa. Seja com ondas de calor, alterações de humor, ressecamento vaginal e outros sintomas, é quase impossível não sentir os efeitos dessa transformação.
É por isso que muitas mulheres acabam procurando a terapia hormonal como forma de aliviar esses sintomas, embora suas vantagens sejam assunto de discussão constante entre os ginecologistas.
Terapia hormonal: entenda o que é
O nome completo é terapia de reposição hormonal, já que tem a função de repor os hormônios femininos que o corpo, durante a menopausa, não é mais capaz de produzir. A terapia varia de acordo com o tipo de hormônio que é tomado: estrogênio e/ou progesterona ou progestina (progesterona sintética) e pode ser tomada através de injeções, cápsulas, adesivos e cremes.
Mas por que fazer essa reposição? Simples: para aliviar os sintomas típicos da menopausa que são causados justamente pela falta desses hormônios e mais ainda, para prevenir outras doenças que chegam nessa fase, como o câncer colorretal.
Conheça os riscos
Assim como qualquer tratamento, a terapia hormonal também pode apresentar alguns riscos. De acordo com um estudo conhecido como Iniciativa de Saúde da Mulher (Women’s Health Iniciative), os efeitos da reposição são diferentes para as mulheres que tomaram apenas o estrogênio das que apostaram na combinação de estrogênio e progestina. Enquanto a mulher que possui útero precisa tomar os dois tipos de hormônio, aquelas que tiveram seu útero retirado podem fazer uso apenas do estrogênio. Mas o que isso significa para a saúde? Que a combinação de estrogênio e progesterona aumenta o risco de coagulação do sangue, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e câncer de mama.
Segundo o estudo, o risco é tão grande que, ao comparar durante um ano mulheres que não tomavam hormônios, com 10 mil que estavam sob terapia hormonal, oito a mais desenvolveram câncer de mama, oito a mais desenvolveram quadros de acidente vascular cerebral, sete a mais apresentaram problemas no coração e 18 tiveram coágulos. Bastante, né?
Quanto às mulheres que tomaram apenas estrogênios, dos 10 mil casos comparados em um ano, 12 sofreram AVC, seis tiveram problemas de coágulos e não houve casos de câncer de mama, apesar de algumas apresentarem anormalidades nas mamografias já que o estrogênio aumenta a densidade do tecido mamário.
Mas então, o que fazer: tomar ou não?
Não dá pra negar que essa pesquisa aumentou consideravelmente o alerta para os riscos e, mesmo que eles não sejam tão altos quando avaliados para cada mulher, eles existem e merecem atenção.
Enquanto a terapia hormonal continua sendo o tratamento mais eficaz para aliviar os incômodos trazidos pela menopausa, outros estudos já comprovaram que ela ajuda na prevenção da osteoporose, do câncer de cólon e até de doenças cardiovasculares quando administrada por curtos períodos no início da menopausa em mulheres jovens, além de melhorar a libido, a falta de motivação, a força muscular e o cansaço. É por isso que, apesar dos riscos, essa continua sendo a escolha de tratamento mais segura para a maioria dos especialistas.
E falando em especialistas, no meu livro “Mulheres Muito Além do Salto Alto“, escrevi um capítulo todo dedicado a esse assunto e contei com a participação da Dra. Leila Corrêa, ginecologista, obstetra e mastologista pela AMB para responder as principais dúvidas da mulherada quando o assunto é terapia hormonal. Em relação aos riscos, em um dos trechos da entrevista, dra. Leila garantiu: “a reposição hormonal melhora os sintomas, mas está associada ao aumento do risco de câncer de mama, trombose venosa e embolia pulmonar para algumas mulheres, em estudos realizados na população. Ela ainda pode ter efeitos colaterais em doses altas, como aumento de pelos, acne, engrossamento da voz, queda de cabelo e aumento do clitóris Esses sintomas e riscos parecem não ser o mesmo para todas as mulheres, por isso, cada caso deve ser individualizado quanto as desvantagens e benefícios da terapia hormonal”.
A especialista explica ainda que a mulher nessa faixa etária deve passar em consulta médica e ser submetida a exames periódicos com frequência de, pelo menos, uma vez ao ano. “Os exames são: Papanicolau, mamografia e, em alguns casos, ultrassom das mamas, ultrassom endovaginal – principalmente para mulheres em terapia hormonal – densitometria óssea e exames de sangue, urina e fezes”, diz.
Por isso, não tem jeito! O segredo é colocar em uma balança os benefícios e os riscos da terapia hormonal e saber criar um tratamento rápido e cauteloso. O melhor é sempre consultar seu ginecologista e pedir exames de mamografia frequentemente, enquanto toma doses baixas de hormônio por períodos curtos de dois a cinco anos.
Quando é melhor evitar:
– Se você tem ou teve câncer de mama, útero ou ovários
– Se tem problemas de coração ou já teve um acidente vascular cerebral (AVC)
– Se tem problemas de coagulação do sangue
Lembre-se que só seu ginecologista poderá decidir se a terapia hormonal é mesmo a opção mais indicada pra você, quais doses tomar e por quanto tempo. Afinal, cada caso é um caso, né? E antes de se preocupar em diminuir os sintomas e desconfortos da menopausa é imprescindível tomar uma decisão saudável e que ofereça os menores riscos mas que te dê uma boa qualidade de vida.
Bjs,
Fabi Scaranzi
*Imagens: Shutterstock